Na Fiocruz Rondônia, o curso foi ministrado pelos laboratórios de Virologia Molecular e Entomologia, dando continuidade às ações do projeto que busca a atualização do Mapa Entomológico de Angola. A principal motivação do curso é garantir a sustentabilidade do projeto, com a formação de multiplicadores e a disseminação do conhecimento na vigilância entomo-parasitológica.
Treinamento teórico-prático faz parte das ações do projeto que busca a atualização do Mapa Entomológico do país africano. Foto: Suzelly Ambrosio
Uma equipe composta de cinco profissionais do Ministério da Saúde de Angola (MINSA) participou na Fiocruz Rondônia, entre os dias 07 e 11 de julho, do primeiro módulo do “Curso Internacional sobre Técnicas de Detecção Molecular de Patógenos em Artrópodes”. O segundo módulo do curso ocorreu em Manaus-AM, no Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), de 14 a 18 de julho.
O treinamento teórico-prático faz parte das ações do projeto que busca a atualização do Mapa Entomológico do país africano, uma iniciativa governamental que tem como principal objetivo o fortalecimento da Vigilância Entomológica de Angola, país que teve o primeiro registro do mosquito “tigre-asiático” (Aedes albopictus) em 2025. Essa iniciativa conta com a colaboração do Programa Regional (REDISSE IV) e o financiamento do Banco Mundial, que visa apoiar os países da África Central no combate a doenças e epidemias relacionadas à interface humana-animal-ambiental. No Brasil, o projeto tem a colaboração da Fiocruz, com a coordenação e gestão pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS), órgão ligado à assessoria direta da presidência da Fiocruz, e coordenação técnica da pesquisadora em Saúde Pública, Genimar Rebouças Julião, chefe do Laboratório de Entomologia da Fiocruz Rondônia.
Genimar explica que a principal motivação do curso é garantir a sustentabilidade do projeto, com a formação de multiplicadores e a disseminação do conhecimento na vigilância entomo-parasitológica.
As ações de formação de recursos humanos devem ser contínuas, tanto para as equipes que atuam em campo, como aquelas que realizam as análises laboratoriais, para avaliar o status de infecção nesses organismos, de forma a expandir a capacidade de resposta rápida frente às epidemias de doenças associadas a artrópodes,
apontou Genimar.
Em Porto Velho-RO, o curso foi conduzido pelos laboratórios de Virologia Molecular e Entomologia da Fiocruz Rondônia, sob a coordenação da pesquisadora em Saúde Pública Deusilene Vieira, chefe do Laboratório de Virologia Molecular, com a colaboração dos alunos de pós-graduação Jackson Queiroz, Ana Maísa Passos, Flávia Rios, Tárcio Peixoto e Karolaine Teixeira.
Para Deusilene Vieira, “a detecção de patógenos veiculados por artrópodes pode ser desafiadora frente à infraestrutura laboratorial limitada e à circulação simultânea de múltiplos arbovírus emergentes e reemergentes ou aqueles negligenciados. Assim, o acesso e a compreensão de métodos moleculares para a identificação de patógenos são determinantes para a detecção precoce e a aplicação de estratégias de contenção mais eficientes”.
Ações de formação de recursos humanos devem ser contínuas, para as equipes que atuam em campo e as que realizam análises laboratoriais. Foto: Suzelly Ambrosio
Durante cinco dias, foram abordados um panorama sobre a introdução aos testes diagnósticos; técnicas de isolamento viral, extração e purificação de ácidos nucleicos (métodos manual e automatizado) de artrópodes e de amostras humanas; abordagem de técnicas moleculares como a PCR convencional; PCR em Tempo Real; Transcrição Reversa e Eletroforese, além da capacitação dos participantes para a utilização de softwares dos equipamentos utilizados e interpretação de resultados de análises.
A médica Elsa Maria Aleixo da Palma Mendes, que é coordenadora do Mapeamento das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), vinculada ao Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) em Angola, enalteceu a experiência proporcionada pela Fiocruz. Segundo ela,
o curso proporcionou aos participantes a aquisição de habilidades e práticas para a detecção de patógenos e a implementação de novas técnicas em nosso país, permitindo o diagnóstico rápido de doenças, além de evitarmos os surtos e melhorarmos a saúde da população em Angola. Ficamos muito agradecidos pelo empenho e dedicação dos formadores, no seu tempo disponível e não só em transmitir os conhecimentos, foi uma boa experiência, fomos bem acolhidos e só saímos a ganhar.
Sentimento também compartilhado pelo biomédico Moisés Lourenço Dembo do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS) de Angola, que destacou a expectativa do grupo de profissionais em colocar em prática os conhecimentos adquiridos,
foi um bom aprendizado nesta questão de estudo em artrópodes vetores e esperamos que ao chegarmos em Angola possamos pôr em prática, através da vigilância epidemiológica-entomológica e através da vigilância genômica, tudo aquilo que aprendemos aqui na Fiocruz”,
declarou.
Além de Moisés e Elsa, participaram do curso o biomédico Pedro António Afonso (INIS); o biólogo Pedro Rafael Dimbu e a farmacêutica Maria Florinda Victor João do Programa Nacional de Controle da Malária de Angola.
Texto: José Gadelha