Primeira turma temática em “Vigilância em Saúde” é fruto de parceria entre as unidades da Fiocruz em Brasília e Rondônia, a partir de demanda apresentada pela Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) e Instituto Estadual de Educação em Saúde Pública de Rondônia (IESPRO).
Turma inédita é formada por profissionais que atuam na Vigilância em Saúde. Foto: José Gadelha
Com vinte alunos selecionados, o Mestrado Profissional em Políticas Públicas em Saúde (MPPPS) da Escola de Governo Fiocruz Brasília (EGF-Brasília) deu início às atividades da primeira turma temática de Vigilância em Saúde do Estado de Rondônia. O curso é fruto de cooperação entre a Fiocruz Brasília e a Fiocruz Rondônia, a partir de demanda apresentada pela Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) e o Instituto Estadual de Educação em Saúde Pública de Rondônia (IESPRO).
A aula inaugural ocorreu nesta segunda-feira (15/09) na sede do Ministério Público de Rondônia, debatendo o histórico da Vigilância em Saúde e os aspectos regulatórios e institucionais no contexto federativo, tendo como expositores a coordenadora-geral do Mestrado, Noely Fabiana Oliveira de Moura, e o assessor sênior da Fiocruz, ex-ministro da Saúde José Agenor Álvares da Silva.
Todos os selecionados são servidores da Agevisa e Secretaria Estadual de Saúde (Sesau-RO), atuando em diferentes localidades de Rondônia.
Após vinte anos, a Agevisa se viu na obrigação de também priorizar a pesquisa, buscando oferecer oportunidades de formação em áreas especializadas para poder atender novas demandas, conforme a evolução dos tempos e os desafios que vão surgindo em relação às endemias”,
afirmou Gilvander Gregório, diretor-geral da Agevisa.
Ele salientou que, com essa turma temática, será possível colocar em prática um olhar diferenciado sobre a região, considerando que Rondônia está localizado em área de fronteira, “com essas pesquisas que serão realizadas, poderemos elaborar novas estratégias, a fim de estarmos mais preparados para enfrentar os novos desafios sanitários, não só no território rondoniense, mas também em nossas fronteiras e na Amazônia como um todo”, argumentou.
O secretário estadual de Saúde de Rondônia, Jefferson Ribeiro da Rocha, agradeceu a Fiocruz que oportunizou a materialização deste projeto,
um sonho antigo que tínhamos, de poder formar novas lideranças na epidemiologia do Estado e, hoje, com uma parceria completa reunindo a Fiocruz, Agevisa, Sesau e IESPRO, nós estamos dando início a uma jornada que será marcada por grandes estudos. Quando nos unimos à Fiocruz, que possui uma relação consolidada com a saúde e as pesquisas científicas, podemos ter o melhor da ciência sendo produzido aqui na nossa região”,
reforçou.
Para Marcela Milrea Araújo Barros, diretora-geral do IESPRO, a formação da primeira turma temática em Vigilância em Saúde é uma conquista histórica para a saúde pública de Rondônia. Segundo ela,
a proposta vai ao encontro da necessidade de qualificação dos profissionais do Sistema Único de Saúde – SUS – que atuam no Estado. A nossa missão é essa junção de forças, para qualificarmos os nossos profissionais, torná-los mais críticos em ações de vigilância e na gestão da saúde, o que consequentemente irá refletir na qualidade da assistência prestada no dia a dia aos usuários do SUS”.
Marcela também pontuou o rigor do processo seletivo, constituído em várias etapas, com prova escrita de conhecimentos específicos e prova de inglês, entrevista, análise de anteprojeto e trajetória profissional, além de que era necessário aos candidatos possuírem experiência com a área de Vigilância em Saúde.
A diretora da Escola de Governo Fiocruz Brasília, Luciana Sepúlveda, considerou o compromisso institucional da Fiocruz em pensar o papel estratégico da saúde para o SUS, especialmente em circunstâncias em que os contextos sanitários se modificam e de mudanças tecnológicas que exigem dos profissionais de saúde uma formação contínua.
A educação permanente é necessária para que o SUS funcione bem, mas o mestrado traz uma série de desafios específicos. Vocês trazem os problemas, as indagações, a realidade do trabalho, dos serviços de uma área tão importante como é a Vigilância em Saúde na Amazônia. Para nós, em nosso Programa que completa 10 anos de vida, a gente ter a oportunidade de – junto com esses parceiros tão engajados – construir uma turma fora de sede, no estado de Rondônia, para contribuir com a formação em nosso país é uma honra”,
declarou Luciana.
Jansen Medeiros, coordenador-geral da Fiocruz Rondônia, celebrou a relação interinstitucional entre os parceiros para que o curso se tornasse realidade.
Formar pessoas, qualificar pessoas é desenvolver um país, é desenvolver uma região, e esse momento caminha nesse sentido. A Fiocruz Rondônia ao longo desses 16 anos, em parceria com outras instituições, como a universidade, já formou quase 300 mestres e 80 doutores, em sua grande maioria são profissionais que atuam na região”,
destacou Jansen.
Diferentes olhares sobre a saúde
A primeira turma temática de Vigilância em Saúde reflete o compromisso e a preocupação das instituições envolvidas com o desenvolvimento da Amazônia, por meio da formação especializada de profissionais que atuam no SUS. O curso terá 24 meses de duração a contar da matrícula. Um dos candidatos selecionados para o MPPPS é o farmacêutico Jobson Domingos, atualmente diretor adjunto do Hospital Regional de São Franciso do Guaporé, município localizado próximo à área de fronteira com a Bolívia, a aproximadamente 700 km de Porto Velho. Uma área carente em termos de infraestrutura e com necessidades de saúde e desafios específicos, tendo em vista a distância das principais cidades de Rondônia, e estar fora do eixo da BR 364, que corta o Estado.
Jobson traz como tema em sua pesquisa o planejamento da saúde voltado às particularidades da região de fronteira e conta que o seu objetivo é
é pensar a saúde local, propor ferramentas e estratégias para que possamos desenvolver ainda mais a assistência à saúde, e que isso se traduza em melhoria na qualidade de vida dessas populações”,
Boas expectativas com o curso também foram compartilhadas por Sebastiana Linhares, coordenadora do Núcleo de Epidemiologia Hospitalar do Hospital Infantil Cosme e Damião em Porto Velho. Feliz com o resultado de sua aprovação, ela acredita estar preparada para essa jornada,
vamos enfrentar vários desafios, será uma jornada árdua, porém muito gratificante, poder interagir com outros profissionais com visões e áreas de atuação diferentes, conhecer muitos estudos e pesquisas, com certeza tudo isso será de muita utilidade não apenas para mim, mas para toda a população”,
finalizou.
Texto: José Gadelha